segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vai haver um dia...


... em que o 25 de Abril de 1974 vai ser um dia distante, apenas mais um facto histórico, relevante, mas tão longínquo no tempo que não vai despertar emoções.

Todos os que se lembram de como era antes já não estarão entre nós e todos os que o realizaram serão, apenas, figuras históricas.

Vai haver um dia em que o 25 de Abril vai ser como o dia da Implantação da Républica ou da Restauração da Independência. E é natural que assim seja, é assim com todos os factos históricos, são emocionalmente importantes para uma ou duas gerações para se tornarem factos intelectuais para as outras.

O que não me parece normal é pôr-se em causa um acontecimento essencial para a evolução do nosso país por causa de uma crise, 37 anos depois.

Uma crise que resulta de uma má gestão do dinheiro que recebemos da Europa e de uma crença de que se podia gastar mais do que o que se produz, entre outros problemas de base.

Talvez se tenha andado muito depressa, talvez se tenha querido fazer muito nestes 37 anos e deu-se uma ideia errada à população, que nem se lembra de como era antes do 25 de Abril.

Desde meados dos anos 90 que Potugal é como uma familia que mente aos filhos, fazendo-os crer que têm muito mais dinheiro do que têm na realidade, deixando-os gastar a seu bel-prazer. Até que chega uma crise externa e vai tudo por água abaixo e a família tem que voltar ao essencial e enfrentar a revolta dos filhos, que estão habituados a regalias que agora não querem perder.

O que se passa no país é o resultado do caminho percorrido, no qual o 25 de Abril foi um passo certo e importantíssimo, no meio de tantos errados.

Os momentos de crise profunda são decisivos, tanto para o bem como para o mal, a questão é se conseguimos dar um passo certo agora!

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