Hernâni Lopes, ministro das finanças em 1983, que negociou com o FMI na altura e já falecido, propunha como solução para Portugal em 2010,
Trocar Por :
Facilitismo - Exigência
Vulgaridade - Excelência
Moleza - Dureza
Golpada - Seriedade
Videirismo - Honra
Ignorância - Conhecimento
Mandriice - Trabalho
Aldrabice - Honestidade
Talvez eu reduzisse isto a três factores que acho determinantes para explicar a situação portuguesa.
O primeiro é o «safar-se». Safar-se com a internet do vizinho, com a cunha para uma consulta, com a invenção de uma empresa ficticia para pagar menos impostos, com o emprego que o sogro arranjou, e a lista continua. E todos acham que não faz mal porque toda a gente faz o mesmo e prontos.
A segunda é a diferença entre exigência com o desempenho dos outros e a consigo mesmo. Todos ficam furiosos se um serviço não funciona, se o professor do filho é mau, se esperam no hospital, se não há o produto que querem no supermercado, e or aí a diante. Mas quanto ao seu trabalho a exigência diminui muito, passa a ser «Esperem que eu também esperei 9 meses para nascer», «isto não é do meu pai», deixa-me parar para beber 10 cafés por dia e actualizar o meu estado no facebook.
A terceira é um pouco consequência das suas anteriores, é a alteração radical que houve da ideia de sociedade. Antes as pessoas eram sacrificadas pelo bem da sociedade porque essa era a forma de assegurar a sobrevivência da maioria. Hoje existe a ideia de que a sociedade (ou o país) tem que fazer tudo pelo individuo e assegurar-lhe uma vida feliz e cheia de bens materiais, desde que para isso o individuo apenas se abstenha de cometer crimes e pague impostos, se não conseguir escapar e para ter reforma.
Há que encontrar um equílibrio entre estas duas posições ou o resultado é sempre desastroso, conduz a uma decadência da sociedade que traz tempos díficeis.